Tuesday, December 17, 2013

A solidão…

Não é certamente só a mim que me acontecem estas coisas mas às vezes penso que há qualquer coisa que as atrai, nem sem bem porquê.
Hoje ao regressar de mais uma viagem ao Porto parei a meio para descansar um pouco, como habitualmente, e entrei numa daquelas estações de serviço, mais ou menos desérticas, da A17.
Quando me dirigia à casa de banho reparei na jovem empregada de serviço, sentada numa das mesas a meio da sala, a ver televisão, certamente para fazer tempo e se distrair um pouco, já que a loja se encontrava sem qualquer outro cliente. Ao regressar, dirigi-me ao balcão e pedi um café, que fui bebendo, sem pressa.
Quando dei por mim, a jovem falava que nem uma desalmada sobre o filho hiperactivo e sobre as estratégias que ela e a professora da escola primária encontraram para lhe captar a atenção e interesse, pelas coisas que aprendia. Parecia que eu era amiga de longa data, e o relato mantinha-se vivo jorrando as palavras, como se alguém tivesse aberto uma torneira de água, para encher um balde sem fundo.
Impossível não reparar na falta de vários dentes laterais no maxilar superior, na cor do cabelo claro e sem brilho, na pele branca sem rosetas, enfim…, deu para ver tudo ao pormenor e, sobretudo, deu para perceber a sua necessidade, quase desesperada, de falar com alguém que se dignasse a dar-lhe um pouco de atenção.
Fui respondendo conforme pude e fiquei por ali, mais algum tempo do que contava. Quando me despedi dela e lhe desejei Boas Festas, quase me deu pena, pois percebi que ainda estava disposta a falar, a falar, a falar…, todas as palavras reprimidas na solidão daquele trabalho e, até talvez, numa vida acinzentada, fora daquelas quatro paredes.
O estado dos dentes deu para perceber que, pelo menos no plano económico, não seria uma vida famosa. O resto não sei!
Talvez se tivesse ficado a ouvi-la…, quem sabe a sua vida não daria uma novela?

Beijos,
da Princesa!


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