Thursday, January 27, 2011

Carlos Silvino, o dizer e o desdizer... by Ferreira Fernandes, in DN Opinião

Espantoso de lucidez, este artigo de opinião, publicado no DN de hoje.
Não resisto a transcreve-lo, pois nas palavras de Ferreira Fernandes, revejo o que pensei quando vi aquele tipo (Carlos Silvino) ser entrevistado na televisão, a "dar o dito por não dito", com a maior "cara de pau" deste Mundo.
Conclusão...

Está tudo inocente,
não houve abusos, nem dele nem dos restantes envolvidos no Processo Casa Pia,
ele, Carlos Silvino, foi uma vítima da pressão da Polícia
não houve rapto de putos pela calada da noite,
ninguém levou os miudos para aquela casa, não sei onde,
os putos eram todos alucinados...
etc., etc., etc

Ora leiam abaixo, o artigo de Ferreira Fernandes que vão perceber...

Beijos,
da Princesa!

Evangelho segundo São João, (1:1-18): "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus." As palavras do apóstolo e evangelista causaram uma confusão danada. E dessa confusão nasceram discussões entre adeptos do arianismo, do marcionismo, do sabelianismo, do nestorianismo, do monofisismo, e mais, que animaram durante séculos os concílios de Constantinopla. E tudo porque na frase de São João estava essa palavra, Verbo, tão pronta a empurrar-nos para o parlapié. Cantam os Da Weasel: "No princípio era o verbo, a palavra e depois a rima/ que provocou reacções como se fosse uma enzima..." É, o verbo - danado para nos confundir, sobretudo quando tudo repousa, e só, nele. Verbo, parlapié. Está, pois, Portugal suspenso pelo verbo de Carlos Silvino, que diz exactamente o contrário do que Carlos Silvino dizia. Em quem acreditar: em Carlos Silvino ou em Carlos Silvino? Querem um conselho prudente: esperem por um terceiro Carlos Silvino. Em Constantinopla não houve só monofisistas e trinitários. Como já disse, é próprio do império do verbo multiplicar-se por mais verbos. Deixem-no à solta e ele toma-lhe gosto, torna-se verborreico... Uns maus profissionais - polícias, magistrados e jornalistas - não souberam ir mais longe do que o verbo, repousaram crimes reais e factos reais em conversa. Acabámos nisto: suspensos nas palavras de um pobre diabo.

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