Friday, August 17, 2007

A lenda da Lagoa das Sete Cidades

Este é um espaço virtual para as histórias encantar.
Hoje transcrevo uma lenda Açoreana, influenciada por uma conversa de há pouco com a minha menina que foi conhecer o lugar. A intenção inicial era deixar uma foto e algumas breves palavras sobre a Lagoa mas... aqui fica uma das lendas da Ilha de S. Miguel sobre este local verdadeiramente mágico que já tive o privilégio de visitar.
Ora aqui vai...

Há muitos, muitos anos, vivia no Reino das Sete Cidades uma pequena princesa chamada Antília. A menina era filha única de um velho rei viúvo, conhecido pelo seu mau feitio. Senhor das Alquimias e do Saber, o rei vivia exclusivamente para a filha e não gostava que a princesa falasse com ninguém. A menina ora estava com o pai, ora estava com a velha ama que a criara desde o nascimento, altura em que a rainha sua mãe falecera. Os anos foram passando, Antília foi crescendo e um dia já não era mais a menina de tranças loiras caídas sobre os ombros, enfeitadas com flores silvestres; tinha-se transformado numa linda jovem, uma princesa capaz de encantar qualquer rapaz do seu reino. Contudo, embora todos ouvissem falar da beleza da jovem princesa, poucos ou nenhuns os que a conheciam, pois o rei não gostava que ela saísse do castelo nem dos jardins que o circundavam.Mas Antília não se deixava intimidar pelo pai, e com a ajuda da velha ama costumava esquivar-se todas as tardes, enquanto o rei dormia a sesta depois do almoço. Saía pelas traseiras, sem que ninguém a visse, e ia passear pelos montes e vales próximos.Num dos passeios pela floresta, a princesa escutou uma música. A música era tão linda e encantou-a de tal forma que se deixou guiar pelo som. Foi descobrir um jovem pastor a tocar flauta, sentado no cimo de um monte. Era ele o autor de tão maravilhosa música! A princesa, encantada, deixou-se ficar escondida a ouvir o jovem a tocar flauta. Ouviu-o escondida durante semanas, até que o pastor, um dia, a descobriu por detrás de uns arbustos. Foi amor à primeira vista e era recíproco, pois ela também estava apaixonada por ele. Os jovens continuaram a encontrar-se. Passavam as tardes a conversar e a rir, o pastor a tocar para a princesa e ela a escutá-lo enlevada, e ambos se sentiam muito felizes juntos.Um belo dia o pastor decidiu pedir a princesa em casamento. Logo pela manhãzinha, o jovem bateu à porta do Castelo, e pediu ao criado para falar com o rei. Pouco depois o criado voltou e levou-o à presença de Sua Majestade. Muito nervoso mas determinado, o pastor fez-lhe uma vénia e, olhando-o nos olhos, disse: - Majestade! Gosto muito de Antília, sua filha, e gostaria de pedir a sua mão em casamento.- A mão de minha filha, NUNCA... OUVIS-TE... NUNCA! Disse o Rei aos berros. Criado! Põe este pastor atrevido na rua. O jovem bem tentou argumentar, mas ele não o deixava falar, e expulsou-o do Castelo. Em seguida o Rei mandou chamar Antília e proibiu-a de ver o pastor. Antília mais não fez do que acatar as ordens do rei seu pai. Nessa mesma tarde foi ter com o seu amor e disse-lhe que nunca mais se podiam encontrar. Os dois jovens choraram toda a tarde abraçados. As suas lágrimas, de tantas serem, formaram duas lindas e grandes lagoas, uma verde da cor dos olhos da princesa, a outra azul da cor dos olhos do pastor. E ainda hoje estas duas lagoas continuam no Vale das Sete Cidades, na Ilha de São Miguel, nos Açores, para avivar a memória de todos quantos por ali passam, e recordar o drama dos dois apaixonados.

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