Wednesday, March 07, 2007

A caixa mágica


Suponho que muito se irá hoje escrever e falar sobre o aniversário da televisão pública em Portugal. Serão, certamente, recordados o primeiro programa, os primeiros apresentadores, o primeiro genérico, as primeiras imagens, e por aí fora.
50 Anos são uma meta de peso, eu que o diga …!
Como homenagem a tão nobre forma de entretenimento, resolvi escrever uma história sobre a “caixa mágica”, assim a entendia eu quando criança e me interrogava como raio é que as pessoas, os bichos e as coisas iam parar ali dentro.
Ainda me lembro de pensar como é que a poeira largada pelos cascos dos cavalos do “Bonanza” e as balas disparadas não passavam para o lado de cá do écran e me acertavam em cheio. Na dúvida, durante as cenas mais emocionantes, baixava a cabeça não fosse o Diabo tecê-las e os cowboys acertarem-me sem querer …
Eu já “fóssil” confessa, lembro-me dos serões em família a ouvir os programas de rádio como por exemplo, o programa “Quando o Telefone Toca” e a ansiar pelos Sábados à noite, dia de ir ao café, como os meus pais e o meu irmão, para ver o programa de Televisão e beber um refrigerante. Essa noite tão especial era uma verdadeira festa e o momento era tão desejado como as refeições de Domingo, onde o frango assado no forno com batatas douradas era repasto digno de reis, príncipes e princesas.
Os cafés eram então locais privilegiados de convívio entre famílias e o ponto de encontro para assistir aos programas da época. Apenas os núcleos economicamente mais folgados tinham capacidade para adquirir, individualmente, a tão desejada televisão.
E o meu sonho foi crescendo …
Decidi que, a bem ou a mal, teria a minha “caixa mágica". Rapariga determinada desde sempre, consegui o meu objectivo com onze anos de idade e onze contos de reis, juntos ao longo de alguns anos, a partir de pequenas contribuições que foram caindo no meu mealheiro.
Era o ano da graça de 1968 ou não fosse esse o do célebre Maio!
Beijos, da Princesa

2 comments:

zmsantos said...

Viva, Isabel.
Também eu me revejo nesse imaginário que a televisão, nos seus primeiros anos de vida, nos proporcionava.
Lá em casa, só a muito custo entrou. Primeiro, alugada pelo meu pai. Depois pelo fascínio que já rondava o vício, comprada com sacrifício, e colocada em lugar de honra, no móvel da sala, com direito a naperon e a jarrinha com flores.
E esse foi o primeiro passo na direcção da fatídica falta de comunicação entre as pessoas que então se operou.

Beijinho.

Princesa Isabel said...

Olá Zé!
É verdade que a comunicação levou uma machada, no entanto, quem gosta de conviver (como nós penso) não troca ela bela duma conversa ou de uma saída por qualquer momento de televisão.
Abraço!